quarta-feira, 22 de janeiro de 2014



Animismo

O animismo, em seu sentido mais estrito, é a doutrina de almas e, no mais amplo, a
doutrina de seres espirituais em real. O termo ‘animatismo’ também foi usado para indicar a teoria do caráter vivo daquelas coisas que nos parecem ser objetos inanimados  e a expressões ‘animalismo’ e ‘hominismo’ também são empregadas em relação a isto. A palavra ‘animismo’, originalmente utilizada para descrever um sistema filosófico específico, parece ter recebido de Tylor o seu atual significado. Freud - Totem e Tabu.

As religiões primitivas da África são de natureza animistas. Diz-se animista porque têm a natureza como sagrada e por trás de cada elemento natural existe uma divindade que a dirige e protege. Sendo assim, as religiões africanas que aportaram no Brasil trazidas pelos escravos, não poderiam serem agregadas inteiramente ao nosso país por força da diversidade dos elementos brasileiros em contraste com os africanos. Diante disso, era forçoso o surgimento da Umbanda que, adequando os elementos daquela religião e agregando outros próprios daqui, pudesse ser aclimatada e praticada entre nós.

Pelas mesmas razões, sou de entender que a Religião Grega, cunhada como mitologia pela Igreja Católica que a sufocou com a força das legiões romanas, também tem essa religião como tronco, ou, pelos menos abeberam na mesma fonte num passado longínquo.

O sacrifício de animais sacrificado nas religiões africanas, também era utilizaado na religião grega e cada deus tinha o seu animal propiciatório. As últimas palavras de Sócrates, refere-se à uma dívida de um galo com o Deus Asclépio. No Canto XI da Odisséia, nos é mostrado com toda clareza um ritual de magia negra, não faltando uma bacia de sangue, onde Ulisses evoca o espírito do advinho Tirésias. é de supor que a Religião Grega continha uma riqueza muito maior do que a que chegou até nós. Um grande herança do nosso passado foi soterrada pela Igreja Católica na sua busca pela primazia e detentora de todo poder.   Aamâncio

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

TEORIA DO CAOS
 
 
Tanto no campo universal como natural, o desequilíbrio é a chave da destruição
 
 
Meditemos sobre o papel do equilíbrio em nossas vidas. A casa do Pai, o universo, reside em perfeito conúbio entre si. A troca energética não se dá apenas através das forças gravitacionais, porém, e igualmente, através do fluido cósmico universal, ao qual estamos mergulhados. O equilíbrio moral, fornecendo a cada planeta as presenças espirituais necessárias, é mantido da mesma forma pelo intercâmbio de abnegados ou imerecedores espíritos.

Num campo mais micro, reflitamos sobre o que mantém a atividade corpórea de todos os seres vivos. A vida física só é mantida através do equilíbrio químico ou ambiental. Falando em meio ambiente, o equilíbrio é a lei que rege a “convivência” entre as espécies do reino animal. Os exemplos são vastos, tanto no campo universal como natural; o desequilíbrio é a chave da destruição.

Agora imaginemos os efeitos do desequilíbrio em nós:
Indolência
Muitos irmãos encontram-se sob a letargia do tempo e da mente. Não sentem a mínima vontade de dirigirem-se ao trabalho físico ou mental, buscam no conforto o descanso que nunca obtiveram, pois só descansa quem está cansado. Entretanto, a necessidade orgânica e familiar bate à porta e estes se veem obrigados a trabalhar. Obrigação, no sentido de forçar alguém a algo, eis a chave da infelicidade. O trabalho é lei da vida e resulta em produção física de repercussão mental, pois aquele que dedica-se a tarefa digna contribui para o bem estar próprio pela simples sensação de utilidade e dever cumprido, afetando positivamente a autoestima. Por mais árdua que seja a tarefa ocupacional, o trabalho é sempre elemento libertador. Então, por que muitos se entregam a desmotivação? Caminham para a tarefa diária como gado ao abatedouro, morrendo um pouco diariamente, aguardando com ansiedade o final de semana e esgueirando-se de toda e qualquer atividade produtiva?

A resposta está, obviamente, no desequilíbrio interior. Entretanto, outros autores dissertariam de forma mais competente sobre o assunto. Contudo, vale a pena analisar o fenômeno da indolência e desmotivação no trabalho da casa espírita. Muitos irmãos, de grande potencial, fecham-se às atividades da célula espírita por não acharem-se úteis, ou por acreditarem não fazerem falta ao trabalho da casa. As tarefas seguirão sem o nosso concurso, porém, jamais seguiremos o caminho evolutivo sem as atividades no campo de trabalho do amor.

Outros tantos espíritas convictos simplesmente abandonam a tarefa por melindre. Escutam a crítica injusta, expressada de forma mal-educada e simplesmente deixam o compromisso de lado. Como se o Cristo nunca tivesse encontrado opositores ou recebido ofensas, apesar das sublimes intenções e superioridade moral. O Mestre encontrou apenas dificuldades, da manjedoura à cruz, e jamais cogitou desistir ou “diminuir o ritmo” de trabalho. Os líderes espíritas de uma casa são companheiros de jornada, necessitados, exatamente como nós. Portanto também possuem os respectivos problemas no lar, no trabalho, de saúde etc. Todos temos os dias de mal humor, sob a repercussão da vida. Porém abandonar definitivamente a tarefa por conta de melindre é desequilíbrio da motivação, o qual leva a indolência; e da humildade, conduzindo-nos à “razão” orgulhosa.

Orgulho
 
O que é ser humilde? Segundo Emmanuel, mentor do nosso Chico, humildade é executar da melhor forma possível todas as tarefas que a providência divina nos atribui. Ou seja, desempenhar o melhor diante das atividades abraçadas. Partindo para exemplos, é ser o melhor pai/mãe possível, em detrimento a ingratidão dos filhos; o irmão mais amigo, a despeito das traições e ofensas fraternas; o melhor marido/esposa, apesar dos momentos de crise conjugal. Em suma, é realizar o melhor diante dos compromissos diários, apesar da indiferença dos pares e/ou falta de reconhecimento dos gestores. Obviamente, incluo neste último exemplo o trabalho na casa espírita. Entendamos que humildade não é ficar calado diante de uma crítica mal feita ou ofensa; o nome disto é falta de amor próprio. A humildade está em responder a crítica, sem desequilíbrio emotivo, de forma madura, racional e educada. Claro que este estágio é de difícil alcance. Porém se conseguirmos, provisoriamente, “engolir o sapo”, digerir o acontecido, para posteriormente ter uma conversa baseada no equilíbrio (olha ele aqui de novo) com o autor da crítica, significa que estamos no caminho certo. Se todos nós fôssemos capazes de assim proceder, certamente estaríamos em outro patamar evolutivo e teríamos uma taxa muito menor de abandono às tarefas espíritas. Vejam que a perda da motivação que leva a indolência, ou inatividade, é muitas vezes fruto de raízes orgulhosas, desequilíbrio da humildade.
Ódio
Muitas e tantas vezes presenciei espíritos em deplorável condição de ódio, sob a terapêutica mediúnica, renderem-se ao contato da figura de mãe. O ódio estava presente? Certamente. E o amor? Também. Quantas vezes maridos desencarnados, considerando-se traídos pelas respectivas esposas encarnadas, tiveram o ódio dissipado ao contato do entendimento do processo evolutivo e reencontro com os antigos erros? Em ambos, e em muitos outros casos, o amor era a base do ódio. Não se pode odiar sem o envolvimento do amor. Portanto o ódio é o amor em desequilíbrio, sentimentos de grande intensidade. Ao mesmo tempo próximos e antagônicos, os quais merecem o devido tratamento da reflexão, entendimento das origens e causas. A suscetibilidade e raízes do ódio são, por vezes, tão fortes, que apenas a apresentação de “quadros” do passado podem convencer vítimas de tal sentimento a um recomeço, sem cogitar, por enquanto, o perdão. Devemos sugerir, inclusive a nós mesmos, o esquecimento. Desta forma o perdão, paulatinamente, passará a ser opção.
Revolta
Inúmeros irmãos perdem-se nos escaninhos das drogas ou em constantes desânimos, fruto da inconformação, simplesmente por não compreenderem o ambiente em que se encontram. Por exemplo, encontrar pelo caminho genitores pouco comprometidos, ou até mesmo a ausência deles é prova das mais difíceis. Porém, revoltar-se com a situação atual, muitas das vezes previamente programadas no plano espiritual, é necrosar a própria consciência e utilizar as forças vitais contra si ou sociedade.

Concordo que é difícil conformar-se com uma situação de injustiça ou dificuldade financeira, física ou social etc. Porém, revoltar-se contra o mundo é pavimentar a estrada da própria vida com o asfalto da dor. Certamente, a energia gasta em atitudes de revolta seria muito melhor aproveitada se entregue ao trabalho útil. A revolta é fogo que consome nossas melhores emoções e desgasta o corpo físico como uma vela com pavio aceso em ambas extremidades. A paciência seguida do trabalho é a melhor resposta diante das dificuldades impostas pela existência. Lembremos do nosso Chico, o qual afirmava nascermos na família, sociedade, condição física e financeira mais adequada às nossas necessidades espirituais. Portanto, se confiamos em Deus e na Sua infinita justiça e bondade, e ainda, se sabemos que nada no universo ocorre por acaso, então, toda e qualquer revolta torna-se vazia de razão.

Reflitamos que, apesar dos danos causados, muitos buscam o desequilíbrio através dos excessos em todas as matizes. Consumo excessivo de entorpecentes, incluindo as drogas legalmente permitidas, o ato “consciente” da revanche, o alimentar de querelas mal resolvidas, todas essas são formas conscientes de buscar o desequilíbrio. Como desejarmos uma vida feliz, fomentando o desequilíbrio, tão danoso em todos os aspectos da natureza? Não seriam os exemplos externos do desequilíbrio uma boa pista sobre o que acontecerá conosco?

O equilíbrio é o melhor amigo, por vezes de difícil alcance, por conta da nossa evolução moral em adição aos acontecimentos diários. Porém a reflexão unida ao contato com os bons espíritos, através da oração, é ótima conselheira nos momentos de dificuldade e desespero. Buscar o equilíbrio é buscar a paz, a harmonia e, naturalmente, a felicidade. Não deixemos que a teoria do caos tome posse de nós.
 
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domingo, 12 de janeiro de 2014


Paulo Nagae
Químico e Palestrante Espírita

Como Entender a Segunda Morte à Luz do Espiritismo
Um homem é basicamente, um ser tríplice, constituído de espírito, perispírito e corpo físico. A maioria já entende isso, sem dificuldade. A morte do perispírito, ou “segunda morte”, ocorre quando o espírito, em sua caminhada para Deus, passa a reencarnar em mundos nos quais necessita de um intermediário mais sutil. Este tipo de “morte” pode acontecer também no caso da formação de ovóides, quando uma idéia obsessiva de ódio ou vingança, por exemplo, destrói momentaneamente o corpo espiritual. Somente o espírito é imortal e eterno.

Até quando o corpo espiritual acompanha o espírito no caminho rumo à perfeição? O corpo espiritual é também um envoltório perecível? Em “O Livro dos Espíritos”, há os seguintes esclarecimentos:

Questão 186 – “Haverá mundos onde o Espírito, deixando de revestir corpos materiais, só tenha por envoltório o perispírito?”
Resposta – “Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Esse o estado dos Espíritos puros.”

Ainda na questão 186 – “Parece resultar daí que, entre o estado correspondente às últimas encarnações e o de Espírito puro, não há linha divisória perfeitamente demarcada; não?”
Resposta – “Semelhante demarcação não existe. A diferença entre ume outro estado se vai apagando pouco a pouco e acaba por ser imperceptível, tal qual se dá com a noite às primeiras claridades do alvorecer.”

Na questão 187, Allan Kardec pergunta se a substância do perispírito é a mesma em todos os mundos. Os espíritos informa que não: “É mais ou menos etérea. Passando de um mundo a outro, o Espírito se reveste da matéria própria desse outro, operando-se, porém, essa mudança com a rapidez do relâmpago.”

Comentando o mesmo tema, na questão 257, Kardec esclarece: “Sabemos que quanto mais eles se purificam, tanto mais etérea se torna a essência do perispírito, donde se segue que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro.”

A conclusão é simples: quanto mais evoluímos, mais sutil torna-se o perispírito. No estágio de espíritos puros, tal roupagem fica tão tênue que os espírito inferiores, como nós, a consideram inexistentes.

Durante a permanência em planetas como a Terra, o espírito repete várias vezes, quantas forem necessárias, a experiência de reencarnação. No desencarne, deixa no mundo físico o duplo etéreo e o corpo físico. Ao regressar ao mundo espiritual, desembarca com o chamado corpo de relação, agregando “matéria” mais sutil.

No processo inverso, durante a encarnação, o espírito carrega consigo as marcas perispirituais que o ajudarão a construir, no ventre materno, o duplo etéreo e o corpo físico – veículos perecíveis que utiliza, enquanto encontra-se no plano físico.

Nos dois casos, a roupagem de que se serve o espírito obedece sempre à lei de afinidade. À medida que evolui moralmente, com o pensamento mais equilibrado, o espírito emite ondas de maior freqüência. Em decorrência, a densidade do perispírito se transforma, pela perda de moléculas mais densas, porque estas passam a não ter mais afinidade com a freqüência vibratória do espírito.

Uma comparação grosseira serve para facilitar o entendimento. Imagine um pedreiro teimoso, que queira colocar massa sem preparar adequadamente a parede. Será, inevitavelmente, malsucedido, por falta de aderência dos materiais.

Vai chegar o momento, na viagem rumo à perfeição, em que o corpo perispiritual deixará de atender às necessidades do espírito.

No livro “Libertação”, André Luiz espanta-se quando se depara com entidades espirituais, as quais chamou de ovóides. O fenômeno permitiu o seguinte diálogo com o instrutor Gúbio:
“Nunca havia observado, antes, tal fenômeno. Em nossa colônia de residência, ainda mesmo em se tratando de criaturas perturbadas e sofredoras, o campo de emanações era sempre normal. E quando em serviço, ao lado de almas em desequilíbrio, na Esfera da Crosta, nunca vira aquela irregularidade, pelo menos quanto me fora, até ali, permitido observar.

“Inquieto, recorri ao Instrutor, rogando-lhe ajuda.
— André — respondeu ele, circunspecto, evidenciando a gravidade do assunto —, compreendo-te o espanto. Vê-se, de pronto, que és novo em serviços de auxílio. Já ouviste falar, de certo, numa “segunda morte”
— Sim — acentuei —, tenho acompanhado vários amigos à tarefa reencarnacionista, quando, atraídos por imperativos de evolução e redenção, tornam ao corpo de carne (1). De outras vezes, raras aliás, tive notícias de amigos que perderam o veículo perispiritual, conquistando planos mais altos (2). A esses missionários, distinguidos por elevados títulos na vida superior, não me foi possível seguir de perto.

Gúbio sorriu e considerou:
— Sabes, assim, que o vaso perispirítico é também transformável (1) e perecível (2), embora estruturado em tipo de matéria mais rarefeita.
— Sim... — acrescentei, reticencioso, em minha sede de saber.
— Viste companheiros — prosseguiu o orientador —, que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes, cuja grandeza por enquanto não nos é dado sondar (2), e observaste irmãos que se submeteram a operações redutivas e desintegradoras dos elementos perispiríticos para renascerem na carne terrestre.” (1).

Nas partes assinaladas com o número (1), confirma-se a transformação que o corpo espiritual sofre nas entradas e saídas da vida física.
Nas seqüências marcadas com (2), o orientador Gúbio trata da segunda morte, que é a perda do veículo perispiritual, para reencarnação em mundos mais evoluídos.

Terceira situação de “morte” é a dos ovóides (destruição temporária do corpo espiritual), que provocou o diálogo de Gúbio com André Luiz. Neste caso, as características do perispírito permanecem em estado latente, como a semente que guarda em si as potencialidades da árvore. Ocorre desagregação de “matéria”, com inevitável redução do corpo de relação, explicável pela plasticidade e maleabilidade do perispírito.

COMPULSÓRIO – O mergulho na carne, quase sempre compulsórios, nesses casos, permite ao espírito reconstruir a forma do corpo espiritual.
Gúbio também se refere ao abandono do corpo espiritual, quando o espírito se eleva, rumo a esferas superiores.

Assim, o corpo espiritual tem duração temporária e é perecível como o corpo físico.

Recomendo, como complemento, a leitura do livro “Evolução em Dois Mundos”, de André Luiz, na parte que trata do corpo espiritual depois da morte.

O espírito segue a caminhada com o corpo mental, o qual vai-se depurando até a pureza máxima da matéria que conhecemos, ou seja, o fluido cósmico universal.

Paulo Nagae
(Retirado da Revista Estudos Espíritas – Janeiro/1999 – Edições Léon Denis