sábado, 1 de dezembro de 2012


Questão de Escolha

Na faixa mental em que você atua, é natural que receba as mensagens com o mesmo teor vibratório como as envia.
Quem aspira à elevação moral e espiritual, sintoniza com vibrações superiores, que se fazem estímulos vigorosos, produzindo harmonia interior e renovação.
Da montanha, a visão da paisagem é mais ampla e o ar mais saudável.
Quem se demora no pessimismo, acalentando insucessos, assimila ondas inferiores, que carreiam miasmas pestilenciais, fixando-os nos painéis da emoção, que geram desequilíbrios e enfemidades.
No vale, a faixa de liberdade é menor e o campo de ação mais abafado.
Entregando-se a Deus - " a onda de comprimento nulo e de frequência infinita" - você se transfere psiquicamente, onde se realiza plenamente.
Atormentando-se com dúvidas e paixões dissolventes, onde as distonias desalentam ou aceleram o ser, você tomba, mentalmente, nas demoradas faixas das sensações inferiores, nas quais se desarticula.
O céu está ao seu alcance.
O inferno encontra-se a um passo de você.
É questão de escolha...
Quando você sorri com alegria, os seus equipamentos se descontraem.
Quando você se encoleriza, todos os seus implementos recebem altas cargas vibratórias destrutivas.
A felicidade começa no ato de desejá-la.
A desdita se inicia no instante em que você lhe dá guarida.
Utilize bem o seu tempo, tudo fazendo para que o seu momento seguinte seja-lhe sempre mais promissor e agradável.
O que não alcance agora, insistindo, conseguirá depois.
Eleja, portanto, os ideais de engrandecimento humano e não se detenha nunca.




Autor: Marco Prisco
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Ementário Espírita

O Espiritismo - Testemunhos - Joanna de Ângelis, Psicografia de Psicografia de Divaldo Franco. Da obra: Momentos Enriquecedo

O Espiritismo - Testemunhos - Joanna de Ângelis, Psicografia de Psicografia de Divaldo Franco. Da obra: Momentos Enriquecedo

Testemunhos

Aspiras pela ascensão espiritual, que te parece difícil. 

Contemplas as alturas libertadoras, e sentes vertigens. 

Anelas pelos acumes, e lutas, repassando pela tela mental as dificuldades que tens enfrentado e os problemas que te afligem. 

Sentes que o vale te asfixia, e a multidão que ali se movimenta te atormenta. 

A medida, porém, que galgas as ásperas encostas, percebes que esse é um cometimento isolado, imolador. 

Vês, à distância, os amigos que se candidataram a subir contigo e ficaram na retaguarda da comodidade. 

Constatas que as energias se te exaurem e vês as feridas nas mãos, nos pés e as dilacerações nos sentimentos. 

É natural que assim te aconteça. 

A vida, para expressar-se, arrebenta os invólucros onde jaz adormecida. 

Todo parto, que enseja a vida, proporciona dor. 

A semente sofre, esmagada no solo, a fim de libertar a espécie que nela dorme. 

Da mesma forma acontece com as tuas ânsias de evolução. 

Atingirás o cume, não o duvides, porém, assinalado pelos testemunhos que a subida te exige. 



Mede-se a grandeza de um ideal pela capacidade de sofrimento e de paz que demonstra aquele que o apresenta. 

Os homens grandes são volumosos e de alta estatura, enquanto que os grandes homens são identificados pelos seus referenciais de amor, de abnegação, de sacrificio, de idealismo nobre. 

É impossível abraçar um ideal, no mundo, passando incólume à agressão, a sevícia, à calúnia, à urdidura da infâmia. 

Por enquanto, e ainda por muito tempo, os grandes homens ver-se-ão a sós, incompreendidos, fora do círculo dourado da ilusão. 

Não estranhes, pois, o que te acontece nas paisagens íntimas: tristeza insatisfação, soledade. 

Fosse diferente a ocorrência, e estarias a soldo da mentira, da corrupção, jamais dos ideais libertadores. 



Quando te resolveste por crescer e alcançar as elevadas planuras, ansiavas pela felicidade. 

Anotas que estás em solidão, porém essa é com Deus. 

Testemunha a fertilidade do teu ideal cristão aos tíbios, a fim de que eles se estimulem, e se resolvam por ascender também. 

Quando lograres a vitória, atraí-los-ás. Por enquanto, testemunha e insiste. 

Jesus asseverou: 

- ... E quando eu for erguido (na cruz) atrairei todos a mim. (João. 12-32) 

Não reclames, nem receies. 

Segue em paz! 



Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Psicografia de Divaldo Franco. Da obra: Momentos Enriquecedo

segunda-feira, 12 de novembro de 2012



DISTINÇÃO ENTRE O BEM E O MAL
Estudo com base no livro terceiro, caps. I do O Livro dos Espíritos (Allan Kardec)
Pesquisa: ClaudiaC e Elio Mollo
 
Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois Deus é o autor de todas as coisas, sendo assim, a lei natural é a lei de Deus e ela está escrita na consciência do homem. É a única lei que conduz o homem à felicidade, lhe indicando o que deve ou não fazer. O homem só se torna infeliz quando se afasta dessa lei. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, o homem poderá conhecê-las sempre que desejar procurá-las, pois elas estão escritas por toda parte. É a lei natural que traça para o homem o limite das suas necessidades. (1)
 
A moral é a regra da boa conduta, é por meio dela que fazemos a distinção entre o bem e o mal. A moral funda-se na observação da lei de Deus. Podemos dizer que o homem se conduz bem quando objetiva o bem de si mesmo e de seus semelhantes observando a lei de Deus. Assim sendo, o bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que se afasta dela. Portanto, fazer o bem é estar solidário com a lei natural. Fazer o mal é agir contrariando essa lei. (2)
 
O homem tem meios para distinguir por si mesmo o bem e o mal, pois Deus lhe deu a inteligência para discernir um e outro. No evangelho de Lucas, 6:31, encontramos: “Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem”. Observando este ensinamento o homem não se enganará. (3)
 
Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Pela lei natural e de acordo com sua capacidade evolutiva possuem o grau de liberdade para a escolha do caminho, se escolher um caminho que não está solidário com a lei natural, estará praticando o mal, assim, sua peregrinação será mais longa para atingir a perfeição. Mas que não pensem que será suficiente não praticar o mal, para ser agradável a Deus, para assegurar uma situação melhor no futuro, é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer. (4)
 
Nessa peregrinação, existe a necessidade do aprendizado, portanto, provas naturais se apresentarão no caminho. É necessário que o Espírito adquira a experiência, e para isso é preciso que ele conheça o bem e o mal. Não há mérito sem luta. Como o homem necessita progredir, as provas a que está exposto são um estimulante ao exercício de sua inteligência, de todas as faculdades físicas e morais, por ser levado a buscar nas pesquisas formas de vencer estas provas, razão pela qual (5) existe a necessidade da (re)encarnação. É a urgência da missão que lhe cabe nos mais diferentes graus. Essas diferentes posições sociais existem na Natureza e estão de acordo com a lei do progresso e tem em vista à harmonia do Universo. Desde que essa diversidade está na ordem das coisas é conforme à lei de Deus, cabe à razão distinguir as necessidades reais das necessidades ilusórias.  (6)
 
Deus criou leis repletas de sabedoria que não possuem outra finalidade senão o bem, desta forma o homem encontrará em si mesmo tudo aquilo que é necessário para seguir estas leis, pois seu caminho será traçado pela sua própria consciência que as contém e, além disto, Deus o lembra sempre delas por meio dos seus messias, profetas e espíritos encarnados que tem por missão esclarecê-lo, moralizá-lo e aperfeiçoá-lo. (7)
 
Onde não existe o bem, só pode existir o mal, já que este é definido como a ausência do bem e sendo assim podemos afirmar que deixar de fazer o mal já é o começo do bem.
 
Não há ninguém que não possa fazer o bem. Somente o egoísta não encontra ocasião para praticá-lo. Cada dia da vida oferece a possibilidade de ser útil na relação social, na medida do possível e sempre que o auxílio se fizer necessário, pois o Espírito, seja qual for o seu grau de adiantamento, na situação de (re)encarnado ou na erraticidade, este sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem os mesmos deveres a cumprir, (8)
 

sábado, 3 de novembro de 2012

O Espiritismo - Consciência e Evolução - Joanna de Ângelis, Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Momentos de Consciência

O Espiritismo - Consciência e Evolução - Joanna de Ângelis, Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Momentos de Consciência

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O Problema da Insatisfação

Autor: Vianna de Carvalho (espírito)

A insatisfação, que medra, assustadora, numa 
avalanche crescente. em todos os arraiais da 
Sociedade terrena, procede, de certo modo, da 
programática educacional das criaturas que, 
desde cedo, recebem orientação e adestramento 
em moldes eminentemente imediatistas, como se 
a vida devesse abraçar. apenas, o estreito limite 
entre o berço e o túmulo...

Centralizando todas as aspirações no trâmite 
carnal, o triunfo, conforme os padrões 
hedonistas, tem como finalidade à aquisição de 
valores para o gozo, o destaque na comunidade, 
a tranqüilidade que decorra de um estômago 
saciado, um sexo atendido e as vaidades 
estimuladas...

No entanto, mesmo quando tal ocorrência vem 
de ser lograda, acompanhada de emoções 
estésicas, eis que o sonhador da roupagem 
carnal se depara com outro tipo de necessidade 
que deflui do espírito, no seu processo de 
reeducação pelo impositivo reencarnacionista.

O homem não são, exclusivamente, as suas 
necessidades orgânicas e emocionais que se 
enquadram na argamassa fisiopsicológica.

O berço e o túmulo representam, no processo da 
evolução, meios de que se utiliza a Sabedoria 
Divina para que o ser indestrutível entre e saia 
do corpo, adquirindo experiências. fixando 
aprendizagem, modelando caracteres, crescendo 
na fraternidade e santificando o amor, que 
arranca das expressões do instinto de posse 
para a sublimação através da renúncia e do 
sacrifício...

Concebendo a vida como um jogo fugaz de 
sensações, em que o homem dotado de recursos 
amoedados mais é feliz porque mais consegue, 
coloca todas as ambições no estreito 
condicionamento da posse material, que 
amargura, quando escassa e frustra. quando 
farta.

De forma alguma os valores da rápida aquisição 
conseguem produzir no homem a verdadeira 
harmonia, tendo-se em vista que, impelido pelo 
próprio instinto de preservação da espécie, se 
não vigia, mais ambiciona, quanto mais detém.

A posse, no entanto, de forma alguma faculta 
equilíbrio emocional. Quando é abundante, 
produz o receio da perda, estimulando a 
existência dos fantasmas do medo de perder a 
posição e os recursos que lhe significam a vida... 
E, quando é exígua, favorece a escravidão ao que 
se gostaria de possuir, como fuga psicológica às 
inquietações quase sempre injustificáveis.

O homem deve arrimar-se nos valores éticos, 
que ele próprio constrói a pouco e pouco em si e 
à sua volta, compensando-se no ideal altruísta, 
com que desata as emoções superiores que lhe 
jazem em gérmen, crescendo moralmente e 
superando as injunções do cárcere físico, 
mediante cuja ascensão consegue a lucidez que 
lhe dá a perfeita visão da vida e lhe dilata os 
horizontes em torno do que lhe convém e do que 
deve fazer.

Situando as metas da existência além dos 
prazeres transitórios e frustrantes, irmanado à fé 
libertadora, com que se arma de resistências 
para a dor, para o mal, para os distúrbios de 
qualquer natureza, logra superar-se e planar 
além de quaisquer vicissitudes negativas, através 
de cujo comportamento fruirá a real felicidade.

Não cobiçando mais do que lhe é lícito reter; não 
se afadigando em demasia pelas aquisições 
transitórias; não se antecipando sofrimentos 
advindos do receio do futuro; não vivendo 
exclusivamente para o corpo, os insucessos 
aparentes são convertidos em lições que 
amadurecem para os próximos 
empreendimentos, fixando o bem em si mesmo, 
com que se ala nos rumos do Bem Incessante 
após a vilegiatura orgânica, libertando-se das 
vestes físicas com a alegria do escafandrista que 
retorna à tona, concluída a tarefa feliz no seio 
das águas profundas...

A insatisfação que a tantos amargura, enferma e 
conduz a distonias de largo porte, pode e deve 
ser combatida através de uma pauta salutar de 
objetivos e de diretrizes evangélicas, conforme 
Allan Kardec extraiu dos conceitos morais das 
insuperáveis lições do Cristo, fazendo do 
Espiritismo o mais completo compêndio de 
otimismo e de sabedoria conhecido nos tempos 
hodiernos.

Reflexionando em torno dos valores reais, como 
dos aparentes, o homem de bem, inteligente, 
que sente necessidade de mais profundas e 
nobres aspirações para ser feliz, mergulha a 
mente e o sofrimento no exercício do amor, em 
seu sentido mais elevado, defrontando a 
grandeza da vida e realizandose por fim em paz.

Psicografia de Divaldo Franco

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Espiritismo - Aquisição da Consciência - Joanna de Ângelis, Psicografia de Divaldo Franco

O Espiritismo - Aquisição da Consciência - Joanna de Ângelis, Psicografia de Divaldo Franco

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o Eu e a garrafa sem fundo

Jornal Tao do Taoísmo - n. 20 índice
Se o arqueiro atira uma flecha no vazio, em que ele vai acertar? Vencer o ataque através do vazio é o primeiro fundamento da estratégia chinesa, ou seja, trabalhar com a ausência do ego.
No estudo da estratégia, se diz que os grandes mestres de estratégia trabalham com o princípio da ausência do ego. Se as pessoas não tivessem ego, não haveria luta entre elas. Se, por exemplo, você tem um profundo apego por chocolate, quem na verdade tem esse apego? O seu “eu”, que é o seu ego. Com a ausência do ego, não vai existir o apego ao chocolate. Nesse caso, você poderia até comer o chocolate, mas não teria apego a ele, não seria viciado. Apego é aquilo que você quer. Mais do que isso. É algo que você não consegue deixar de querer. Em outras palavras, apego é vício.
Nós somos viciados em inúmeras coisas. Existem pessoas que são viciadas, por exemplo, em cuidar de outras pessoas. Existem aquelas viciadas em coca-cola, em dinheiro, em ideologia, em sexo e em inúmeras outras coisas. Todos nós temos alguns vícios, de níveis e tipos diferentes. E existem vícios que, normalmente, nem são percebidos como vícios.
Como você poderia não ter vícios? Não tendo um ego, não tendo um “eu”. Se você não tem esse “eu”, como poderia ficar viciado em algo? A ausência do ego faz com que você se torne vazio e, se você é um vazio no sentido da quietude interior (a quietude interior faz com que nos tornemos vazios por dentro), você deixa de ser um alvo para o outro. A ausência do ego coloca seu espírito em estado de quietude, de transparência. Se o arqueiro atira uma flecha no vazio, em que ele vai acertar? Em nada. Então, se você esvazia seu coração, toda força que o seu adversário mandar na sua direção, por mais perversa que seja, não irá acertar em você.
Muitas vezes, você está numa festa ou num lugar público e percebe que, quando vira de costas, uma determinada pessoa dirige a você um olhar insistente e negativo. Você, então, poderia lançar mão de uma técnica muito usada por taoístas nessa situação: respirar umas duas ou três vezes prestando atenção ao ritmo da sua respiração para que ela fique tranqüila; não deixar transparecer no rosto nem nas atitudes externas que percebeu o que está acontecendo; e começar a esvaziar seu interior, imaginando que você todo está se tornando um vazio, restando do seu corpo apenas uma silhueta.
Nessa hora, a energia desconfortável daquele olhar vai passar por você como se estivesse passando por um vazio. Algum tempo depois, você vai notar que aquela pessoa está começando a sentir um cansaço imenso, e vai ficar cada vez mais cansada até desistir de olhar para sua direção.
Mas se você receber esse olhar e, por não estar esvaziado, for atingido por ele, ou seja, se a pessoa conseguir acertar você com aquela energia perversa, essa mesma energia vai voltar para ela e realimentá-la.
No caso contrário, se o olhar dela não conseguir acertar você, ela vai estar, apenas, jogando energia fora. É como se ela estivesse atirando no vazio: as balas do revólver vão acabar e ela não terá acertado em alvo algum, em nada.
Essa técnica de esvaziamento é muito fácil de ser praticada. Ela é muito usada para você não precisar lutar contra a pessoa que está dirigindo a energia perversa para você. E praticando esta técnica você vence a energia perversa sem precisar lutar contra a pessoa que a lançou.
Se essa pessoa ficar usando sua força contra o espaço, vai acabar se cansando. É como dar socos no ar: a pessoa vai se cansar e terminar por ser derrotada por si mesma sem que você, que praticou a técnica do esvaziamento pela respiração, precise sacar uma arma para brigar com ela.
Esse é exatamente o ensinamento de como vencer uma ação através da não-ação. Vencer o ataque através do vazio é o primeiro fundamento da estratégia da guerra, ou seja: trabalhar com a ausência do ego.
Raciocine desse modo: se eu não existo, quem poderia estar me atingindo? Mas é preciso tomar cuidado porque ausência de ego não significa não tomar uma atitude quando ela for necessária.
Se você não tiver ego, mesmo que alguém tente lhe ofender, não vai conseguir porque o eu não existe e, portanto, você não pode ser aquilo que a pessoa disse ser. Ela não vai estar falando sobre você – então, vai estar falando sozinha, sem conseguir lhe ofender. No entanto, isso não pode ser um mecanismo de convencimento intelectual. Isso tem de ser o resultado de um esvaziamento interior, de um esvaziamento do eu.
Mas como a ausência do eu é demonstrada na prática, na vida cotidiana? Por meio da tolerância, da aceitação e do coração esvaziado. Uma pessoa que não seja tolerante, acaba por preencher rapidamente o seu limite. Até mesmo popularmente, quando alguém não consegue aceitar mais nada, adota uma expressão facial que demonstra que seu limite foi atingido: “Eu estou cheio, não tenho mais capacidade de tolerar isso, não vou mais tolerar isso”, é o que costuma dizer quem acaba por preencher rapidamente seu limite.
Numa situação como essa, nós nos tornamos “cheios” porque temos um limite que funciona como uma espécie de fundo de garrafa – ou fundo de copo –, que vem a ser, exatamente, o nosso ego. O ego humano é o fundo do nosso copo, da nossa garrafa. O ego faz com que nossa vida, mesmo que seja parcialmente esvaziada, tenha um limite. E a suprema abundância só é adquirida quando nós retiramos esse fundo da garrafa. Desse modo, tudo entra e tudo sai pela garrafa sem fundo e, por isso, a suprema abundância não se esgota.
Um mestre antigo dizia que nós deveríamos saber receber tudo o que vem do mundo e repassar tudo de volta para o mundo. Dessa maneira, a nossa vida torna-se algo vazio e esse vazio permite que a vida flua dentro de nós. É desse processo que vem a alegria sem euforia e a tristeza sem depressão. Vêm coisas saborosas e amargas, e tanto umas quanto outras entram e saem de nós como se estivessem sendo derramadas numa garrafa sem fundo.
Assim, a nossa capacidade tanto de receber quanto de dar nunca termina e, com isso, a vida se torna mais leve porque, nesse momento, deixamos de fluir na vida para deixar a vida fluir em nós. A partir dessa hora nós nos transformamos e ficamos como se fôssemos um tubo por onde a água, que simboliza a vida, passa por nós e vai adiante, fluindo sem parar porque não existe um fundo, um limite que a represe.
De modo contrário, se nós tivermos um fundo, como uma garrafa ou um copo, a água não vai fluir. Ela vai encher essa garrafa até seu limite, depois transbordar, e terminar levando o copo ou a garrafa junto com ela, em vez de passar e sair. Então, a pessoa que tem o ego muito forte é levada pelo destino, em vez de permitir que o destino ou a vida passe por ela.
Quanto mais esvaziados o copo ou a garrafa, mais a água vai fluir e passar dentro de nós, mais o destino vai passar por nós, e seremos donos desse destino. Quanto menos esvaziados, mais obstáculos a água vai encontrar para fluir dentro de nós e, nesse caso, os papéis serão invertidos: nós vamos passar por dentro vida e ela é que será a dona do nosso destino.
Precisamos nos esvaziar para podermos nos tornar receptivos. Sendo receptivos, podemos de fato abraçar todas as coisas e, ao mesmo tempo, permitir que todas as coisas se desenvolvam e se transformem de modo natural e fluido.
O homem iluminado é o que possui a abertura interior.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


PROPRIEDADE: ENTRE A PAIXÃO E A SOLIDARIEDADEEscreve: José RodriguesEm: Agosto de 2012http://www.viasantos.com/pense/arquivo/1380.html
 
O Espírito que se assinou Pascal transmitiu em Genebra, em 1860, comunicação na qual afirmou que “O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo”, conforme transcreve Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 16.
 
Sem assinatura, o que pode ser atribuído a O Espírito da Verdade, há a seguinte conceituação sobre as paixões n’O Livro dos Espíritos (q. 907):

Pergunta: “Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na natureza?” Resposta: “Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso delas é que causa o mal”.
 
Allan Kardec adiciona o seguinte comentário à questão 908: “As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. (...) O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossa existência”.
 
Nestas colocações está um autêntico desafio sobre a natureza do homem. Uma, aparentemente, do Espírito Pascal, induz ao completo desapego à propriedade, que não pode ser levada deste mundo. Outra, sob a responsabilidade de Allan Kardec, justifica e até sanciona as ações humanas originárias das paixões, embora coloque que estas se tornam perigosas se não forem governadas pelo Espírito.
 
Pergunta-se: sob o pressuposto de que o homem só é proprietário daquilo que pode levar deste mundo, ser-lhe-á saudável, dentro de seu complexo existencial, anular ou desprezar os impulsos criadores derivados das paixões?
 
Acredito que a proposta espírita sobre a propriedade deva resultar do entendimento das colocações acima, de suas interpretações, sob a ótica das informações agregadas da Filosofia Espírita, que desde logo descartam as conclusões maniqueístas.
 
A afirmação de Pascal é verdadeira enquanto fato físico, mas incompleta, se tomada ao pé da letra, na medida em que não incorpora as experiências derivadas do exercício das paixões e até de seus benefícios consequentes. Aniquilar as paixões é ir contra a natureza do homem terreno que se conhece. Franqueá-las, sem limites, implicará em prejuízos para a vida do Espírito e para o meio em que este atua.
 
Questiona-se, agora, o limite ou as conveniências das iniciativas pessoais, sob quaisquer fundamentos, sejam naturais, existenciais, pessoais ou doutrinários.
 
Os sistemas que se basearam no darwinismo social de Herbert Spencer, com clara premiação à propriedade individual, sancionaram a acumulação pela chamada livre iniciativa; defensores da competição econômica e social, na busca de resultados (lucros), acabaram instituindo a mais-valia, uma apropriação além do justo, dos resultados do trabalho. A especulação, a sonegação, a aniquilação do concorrente, a compra de empresas menores por outras maiores, o monopólio, os trusts, a “validade” da destruição de produtos para melhoria de seus preços, receberam o amparo desse sistema.
 
Max Weber, quando procura identificar na história o espírito do capitalismo, remonta ao calvinismo, cuja teologia prega o amor ao trabalho, contrariamente à concepção medieval que considera o trabalho uma maldição. Calvino, no entanto, não coloca a riqueza gerada pelo trabalho como instrumento de gozo ou prazer. “Combinando essa restrição ao consumo com a liberação da procura da riqueza, é óbvio o resultado que daí decorre: a acumulação capitalista através da compulsão ascética à poupança”, diz Weber.
 
Afirmam os Espíritos que a propriedade só é legítima se adquirida sem o prejuízo de outrem. A mais-valia, portanto, é a primeira consequência contra a qual se coloca a Doutrina Espírita. Expressa também esta doutrina que, para o homem, o limite do trabalho é o das forças, pelo que lhe tira qualquer argumento tendente ao ócio permanente.
 
Existe, assim, um limite natural ao aumento desmesurado de bens nas mãos das pessoas, na medida em que estas devem legitimar pelo trabalho tudo o que obtêm. Os Espíritos colocam até sob suspeita a intenção de acumular-se riqueza pelo “desejo de fazer o bem.” (questão 902 de OLE).
 
Aqui está, a nosso ver, o método redistributivista espírita. Ele é preventivo, desarma futuras desigualdades sociais, na proporção em que, se cada um recebe apenas aquilo a que faz jus, opera-se a imediata repartição dos frutos do trabalho.
 
A tese espírita, portanto, não é contra a propriedade de forma absoluta, nem contra a acumulação. Grandes obras exigem recursos correspondentes. Até certo ponto, a propriedade pessoal e sua busca escoam a capacidade criativa das pessoas, mas quando a propriedade assume um interesse social, da qual muitas outras pessoas dependem e para a qual contribuem com seu trabalho, é justa a sua socialização.
 
Não significa, todavia, a estatização da propriedade. Esta pode até existir, ser aceita por uma comunidade, que elege o Estado como gestor único dos bens. O avanço do Estado na economia, no entanto, em qualquer sistema, tem-se mostrado adverso. A burocracia cria e se apossa da mais-valia, enquanto exige hegemonias político-ideológicas contrárias aos princípios da liberdade política.
 
A socialização que defendemos será entre os participantes da produção, em estilo cooperativista e solidário, com a mínima participação da burocracia estatal, pela abolição de privilégios de qualquer espécie, embora mantidas hierarquias e algumas diferenças na distribuição dos resultados do trabalho.
 
Para ajudar a esse objetivo, deve-se desenvolver a pesquisa sobre o homem, sua natureza e objetivos, da qual derivam informações que nos façam ver os equívocos do egoísmo e do apego excessivo a valores de curta duração. Será a visão do homem-espírito, em contínua busca, sem complicar-se com os meios.
 
■ Nota do PENSE: Tema apresentado no painel “Propriedade”, dentro do tema “Espiritismo e Constituinte”, no II Encontro Nacional Sobre o Aspecto Social da Doutrina Espírita, realizado em São Paulo de 28 de fevereiro a 3 e março.
 
Fonte: Abertura - jornal de cultura espírita, maio de 1987, ano I, nº 2. Licespe – Santos- SP.
 
José Rodrigues (1937-2010), economista e jornalista, um dos fundadores e editores do site Pense - Pensamento Social Espírita e fundador da ARS - Ação de Recuperação Social, de Santos-SP, foi redator do periódico Espiritismo e Unificação e membro do conselho de redação do Abertura - jornal de cultura espírita. É autor do livro “Vila Socó: Uma Tragédia Programada”.
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terça-feira, 9 de outubro de 2012


A Arte de Escutar

Alpino, Itália - 1ª palestra 1 de julho, 1933

Amigos, eu gostaria que fizessem uma descoberta viva, não uma descoberta induzida pela descrição de outros. Se alguém, por acaso, lhes tivesse falado sobre este cenário, teriam vindo com as vossas mentes preparadas para tal descrição, e talvez ficassem depois desapontados pela realidade. Ninguém pode descrever a realidade. Devem experimentá-la, vê-la, sentir toda a sua atmosfera. Quando virem a sua beleza e graciosidade, experimentarão uma renovação, uma aceleração na alegria.
A maioria das pessoas que pensam que estão à procura da verdade preparou já as suas mentes para a receber estudando descrições do que procura. Quando se examinam religiões e filosofias, descobrir-se-á que todas elas tentaram descrever a realidade; tentaram descrever a verdade para vossa orientação.
Não vou tentar descrever o que é para mim a verdade, já que isso seria um intento impossível. Não se pode descrever ou transmitir a outro a amplitude de uma experiência. Cada um deve vivê-la por si próprio.
Como a maioria das pessoas, vocês leram, ouviram e imitaram; tentaram descobrir o que os outros disseram sobre a verdade e sobre Deus, sobre a vida e a imortalidade. Possuem, portanto, uma imagem na mente, e querem agora comparar essa imagem com o que eu vou dizer. Ou seja, a vossa mente procura apenas descrições; não tentam descobrir de novo, tentam apenas comparar. Mas como eu não vou tentar descrever a verdade, porque ela não pode ser descrita, haverá naturalmente confusão na vossa mente.
Quando retêm uma imagem que vão tentar copiar, ou se atêm a um ideal que vão tentar seguir, jamais poderão enfrentar uma experiência completamente; nunca serão francos, nunca serão verdadeiros no que respeita a vocês mesmos e às vossas acções; estão sempre a autoproteger-se com um ideal. Se realmente sondarem a vossa mente e o vosso coração, descobrirão que vêm aqui para obter algo novo; uma ideia nova, uma sensação nova, uma nova explicação da vida, de forma a poderem moldar a vossa própria vida de acordo com ela. Por isso estão realmente à procura de uma explicação satisfatória. Não vieram com uma atitude de frescura, para que com a vossa própria percepção, a vossa própria intensidade, pudessem descobrir a alegria da acção natural e espontânea. Muitos de vocês procuram apenas a explicação descritiva da verdade, pensando que se conseguirem descobrir o que é a verdade, poderão então moldar as vossas vidas de acordo com essa luz eterna.
Se for esse o motivo da vossa procura, então não se trata de uma procura da verdade. É mais propriamente uma procura de consolo, de conforto; não é mais que uma tentativa de escapar aos inumeráveis conflitos e batalhas que têm que enfrentar todos os dias.
Do sofrimento nasceu o impulso de buscar a verdade; no sofrimento reside a causa da inquirição insistente, da procura da verdade. No entanto quando sofrem – pois todos sofrem – procuram remédio e conforto imediatos. Quando sentem uma dor física momentânea, obtêm um paliativo na farmácia mais próxima para atenuar o vosso sofrimento. Da mesma forma, quando experimentam uma angústia mental ou emocional momentânea, procuram consolo, e imaginam que tentar encontrar alívio para a dor é a procura da verdade. Dessa forma estão continuamente à procura de uma compensação para as vossas dores, uma compensação pelo esforço que são assim obrigados a fazer. Evitam a causa principal do sofrimento e vivem portanto uma vida ilusória.
Portanto, essas pessoas que estão sempre a proclamar que estão na busca da verdade estão, na verdade, a deixá-la escapar. Chegaram à conclusão que as suas vidas são insuficientes, incompletas, com falta de amor, e pensam que tentando procurar a verdade encontrarão satisfação e conforto. Se tiverem a franqueza de dizer a vocês próprios que vão apenas à procura de consolo e compensação pelas dificuldades da vida, serão capazes de procurar resolver o problema de forma inteligente.
Mas enquanto fingirem que estão à procura de algo mais que de simples compensação, não poderão ver a questão com clareza. A primeira coisa a descobrir, portanto, é se estão realmente à procura, fundamentalmente à procura da verdade.
Um homem que procura a verdade não é um discípulo da verdade. Suponham que me dizem: “Não tive amor na minha vida; foi uma vida pobre, uma vida de constante sofrimento; por isso, para obter conforto, procuro a verdade.” Devo então chamar a atenção para o facto de que a vossa procura de conforto é uma total ilusão. Na vida não existe isso de conforto e segurança. A primeira coisa a perceber é que devem ser absolutamente francos.
Mas vocês próprios não estão certos do que realmente querem: querem conforto, consolação, compensação, e no entanto, ao mesmo tempo, querem algo que é infinitamente maior que a compensação e o conforto. A vossa mente está tão confusa que num momento vocês confiam numa autoridade que lhes oferece compensação e conforto e, no momento seguinte, voltam-se para outra que lhes nega conforto. A vossa vida portanto torna-se numa refinada e hipócrita existência, uma vida de confusão. Tentem descobrir o que realmente pensam; não finjam pensar o que acham que devem pensar; então, se estiverem conscientes, totalmente vivos no que estão a fazer, saberão por vocês próprios, sem auto-análise, o que realmente desejam. Se forem totalmente responsáveis nos vossos actos, saberão então sem auto-análise o que realmente procuram. Este processo de descoberta não precisa de grande força de vontade, de grande vigor, mas apenas de interesse em descobrir o que pensam, descobrir se realmente são honestos ou se vivem numa ilusão.
Ao falar com grupos de ouvintes em todo o mundo, descubro que cada vez mais pessoas parecem não compreender o que eu digo porque vêm com ideias fixas; ouvem com a sua atitude tendenciosa, sem tentar descobrir o que tenho para dizer, mas apenas esperando descobrir o que secretamente desejam. É inútil dizer, “Aqui está um novo ideal pelo qual devo moldar-me”. Descubram de preferência o que realmente sentem e pensam.
Como é que podem descobrir aquilo que realmente sentem e pensam? Do meu ponto de vista, só o poderão fazer tendo consciência de toda a vossa vida. Descobrirão então até que ponto são escravos dos vossos ideais, e ao descobri-lo, verão que criaram ideais apenas para vossa consolação.
Onde existe dualidade, onde existem opostos, deve haver a consciência de incompletude. A mente está presa entre opostos, tais como castigo e recompensa, bom e mau, passado e futuro, ganho e perda. O pensamento é apanhado nesta dualidade, e por isso há incompletude na acção. Esta incompletude gera sofrimento, o conflito da escolha, esforço e autoridade, e a fuga do não essencial para o essencial.
Quando se sentem incompletos, sentem-se vazios, e desse sentimento de vazio surge o sofrimento; devido a essa incompletude vocês criam padrões, ideias, para sustentá-los no vosso vazio, e estabelecem esses padrões e ideais como sendo a vossa autoridade externa. Qual é a causa interior da autoridade externa que criam para si mesmos? Primeiro, sentem-se incompletos e sofrem por causa dessa incompletude. Enquanto não compreenderem a causa da autoridade, não passarão de uma máquina imitativa, e onde existe imitação não pode existir a preciosa realização da vida. Para compreender a causa da autoridade deverão acompanhar o processo mental e emocional que a cria. Em primeiro lugar sentem-se vazios e para se livrarem desse sentimento fazem um esforço; ao fazer esse esforço estão somente a criar opostos; criam uma dualidade que apenas aumenta a incompletude e o vazio. Vocês são responsáveis por autoridades externas tais como religião, política, moralidade, por autoridades tais como padrões económicos e sociais. Devido ao vosso vazio, à vossa incompletude, criaram estes padrões externos dos quais tentam agora libertar-se. Evolucionando, desenvolvendo, crescendo longe deles, querem criar uma lei interna para vocês próprios. À medida que vão compreendendo os padrões externos, querem libertar-se deles e desenvolver o vosso próprio padrão interno. Este padrão interno, a que vocês chamam de “realidade espiritual”, vocês identificam-no como uma lei cósmica, o que significa que não criaram senão outra divisão, outra dualidade.
Portanto, primeiro criam uma lei externa, e depois procuram libertar-se dela desenvolvendo uma lei interna que identificam com o universo, com o todo. É isso o que está a acontecer. Continuam conscientes do vosso egotismo que agora identificam como uma grande ilusão, chamando-lhe cósmica. Portanto, quando dizem, “Eu obedeço à minha lei interna”, não estão senão a utilizar uma expressão para encobrir o vosso desejo de se libertarem. Para mim, o homem que esteja ligado seja a uma lei externa seja a uma interna está enclausurado numa prisão; está dominado por uma ilusão. Por isso, um homem assim não pode compreender a acção espontânea, natural e saudável.
Ora bem, porque é que criam leis internas para vocês próprios? Não será porque a luta da vida diária é tão grande, tão inarmónica, que querem libertar-se dela e a criação de uma lei interna torna-se o vosso conforto? E tornam-se escravos dessa autoridade interna, desse padrão interno, porque rejeitaram somente a imagem exterior, e criaram no seu lugar uma imagem interior à qual se escravizaram.
Por este método não alcançarão o verdadeiro discernimento, e o discernimento é completamente diferente de escolha. A escolha tem que existir onde houver dualidade. Quando a mente está incompleta e está consciente dessa incompletude, tenta libertar-se dessa incompletude e em consequência cria o oposto a essa incompletude. Esse oposto pode ser um padrão tanto externo como interno, e uma vez estabelecido esse padrão, julga cada acção, cada experiência por esse padrão, e vive assim num estado contínuo de escolha. A escolha nasce somente da resistência. Se não houver discernimento, não há esforço.
Portanto para mim toda esta ideia de fazer um esforço em direcção à verdade, em direcção à realidade, esta ideia de efectuar um esforço continuado, é absolutamente falsa. Enquanto estiverem incompletos experimentarão sofrimento, e por isso estarão comprometidos com a escolha, o esforço, a luta incessante por aquilo a que chamam de “conhecimento espiritual”. Por isso eu digo que quando a mente fica aprisionada na autoridade não pode ter compreensão verdadeira, pensamento verdadeiro. E uma vez que as mentes da maioria das pessoas estão aprisionadas na autoridade – que não é mais que uma evasão à compreensão, ao discernimento – não poderão experimentar completamente a experiência da vida. Por esse motivo vivem uma vida dupla, uma vida de fingimento, de hipocrisia, uma vida na qual não existe nenhum momento de plenitude.
Textos de J.Krishnamurti em Português
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